sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Teatro de Natal no IPPI

No passado dia 14 de Dezembro, foi elaborado pelos adultos do IPPI um pequeno teatro, alusivo à quadra natalícia, tendo como destinatários as crianças da Instituição. Eis algumas fotografias:







quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SEMENTES PARA CRESCER

Práticas parentais de reforço à auto-estima da criança

A imagem que temos de nós, ou seja, o modo como nos percepcionamos (auto-conceito), é construída desde uma fase muito precoce da nossa vida, provavelmente desde a gravidez, e encontra-se, de modo indelével, ligada à relação com os pais e/ou outras figuras de referência da nossa vida.

Com base nessa auto-imagem, realizamos um julgamento sobre ela, que pode ser mais ou menos positivo. A esse julgamento, ou a essa avaliação que realizamos sobre
o nosso auto-conceito, denominamos de auto-estima.


A importância da discussão em torno do tema auto-estima torna-se extremamente relevante, no sentido em que o grau de investimento por parte duma criança em explorar e enfrentar os desafios desenvolvimentais, depende da confiança em si e nas suas capacidades.

Num momento em que o Bullyng é um tema recorrente, verifica-se que a criança/adolescente com uma boa auto-estima encontra-se mais preparada para defender-se e fazer-se respeitar, não permitindo que outros abusem de si. E, para dotarmos as nossas crianças dessas ferramentas, o papel dos pais é fundamental.


Auto-percepção

Tendo em conta a importância da auto-estima no desenvolvimento da criança, na aquisição de competências e nas conquistas daí resultantes, importa indagar sobre como é construída, e qual o papel dos adultos nesse processo.


A capacidade da criança em realizar um julgamento eficaz de si e das suas capacidades é reduzida, e depende das pessoas que lhe são significativas, que funcionam como "espelhos", nos olhos de quem se percepciona. Deste modo, os pais são, geralmente, os principais "espelhos" da criança, e vão ter um papel fundamental no modo como se avalia e confia nas suas capacidades.


Papel Parental


Importa então reflectir sobre o que lhes estamos a transmitir. Porque se, predominantemente, a criança receber reflexos positivos, a sua auto-estima tenderá a ser alta. No sentido inverso, se recebe com maior frequência feedback negativo, tenderá a possuir uma imagem negativa de si própria.


Cabe então aos adultos a tarefa de valorizar o que de bom a criança realiza, as suas qualidade e, mesmo nas actividades em que possuí maiores dificuldades, transmitir-lhes a esperança de serem bem sucedidas.



O elogio enquanto arma positiva


O elogio serve como uma poderosa ferramenta, ao serviço dos pais, no que se refere à auto-estima das suas crianças. Atribuído quando tenta realizar algo (elogiar as tentativas, não apenas os sucessos), faz com que se sinta importante, valorizada, e capaz de realizar novas tentativas e conquistas. Além de permitir que acredite que é capaz de realizar algo que o adulto valoriza e respeita, este sentimento de confiança em ser bem sucedida acompanha-a para o resto da vida.


Assim, mesmo quando o sucesso não for alcançado, o elogio pela tentativa, associado à esperança que o adulto lhe transmite que da próxima vez poderá ser bem sucedida, permite-lhe acreditar em si, nas suas capacidades, o que a ajuda a lidar com as frustrações de forma mais eficaz.



O poder das palavras


Além do elogio, com grande frequência os pais são levados a sinalizar comportamentos ou acções que não consideram os mais adequados. Por vezes desprovidas de grande importância, o modo como escolhemos as palavras assume um valor fundamental na mensagem que queremos transmitir, e no que queremos que a criança percepcione.

Torna-se então importante realizar um "aviso" sobre os típicos rótulos e etiquetas que costumamos atribuir à criança:
A EVITAR. Como anteriormente referido, as crianças procuram nos adultos significativos espelhos que lhes ajudem a moldar a sua imagem. Essa imagem convém ser positiva e, quando não o for, que transmita a possibilidade de mudança para melhor.


Os rótulos não transmitem a ideia de mudança. Ao invés, contribuem para que a criança se percepcione e comporte de acordo com os “títulos” que os adultos lhes transmitem. Se desde uma fase precoce da sua vida ela começa a identificar-se com apelidos como “burra”, “preguiçosa”, entre outros, vai crescer a acreditar que o é.


A nível educativo, é necessário transmitir e ajudar a criança a compreender quando os seus comportamentos não são os desejados pelos adultos, e aí torna-se importante realizar um uso eficaz das palavras empregues. Para tal, as verbalizações dos adultos devem incidir sobre os comportamentos incorrectos da criança (Ex. “Cortaste mal o desenho” ao invés de “Fazes sempre tudo à pressa”). Uma correcta sinalização do comportamento indesejado, permite que a criança interiorize-o, e permite ao adulto demonstrar o comportamento desejado, bem como mostrar à criança que acreditamos na possibilidade de mudança positiva no futuro. O contrário verifica-se quando, ao invés de demonstrar o comportamento desejado à criança, atribuímos-lhe traços de personalidade (Ex.: “és sempre um desarrumado” ao invés de “tens de arrumar o quarto”). Quando o realizamos, ao invés de contribuirmos para me efectiva melhoria comportamental por parte da criança, estamos a fornecer uma avaliação da sua identidade, de caracter permanente.



Ideias Positivas:


- A criança necessita acreditar na possibilidade e vivenciar o sucesso na realização de tarefas. Para tal, os pais devem procurar transmitir essa possibilidade de sucesso a ela. Importa assim atribuir-lhe pequenas tarefas, que sejam adequadas à sua faixa etária, para assim ter verdadeiras hipóteses de ser bem sucedidas. Nesse sentido, damos-lhe oportunidades de desenvolver-se, sem incorrer no erro de protecção em excesso, nem de a pressionar além das suas limitações naturais.

- A criança necessita igualmente aprender a lidar com o insucesso. Não cabe ao adulto procurar evitar exaustivamente que a criança se depare com sentimentos de frustração. Mais do que tal, a sua tarefa passa pelo ensinar que não é possível ser sempre bem sucedido. Quando existe uma boa identificação parental, as crianças crescem tendo os pais como modelos a seguir. Porém, pode ser difícil para uma criança acreditar que
poderá ser um dia como aquele ser perfeito que o pai e/ou a mãe aparenta ser. É muito salutar que os adultos também admitiam quando cometem erros, e que o façam junto das crianças. Elas também necessitam saber que os adultos não são perfeitos, tal como ela (criança) não o é. Deste modo, os adultos podem ajudar a criança a aprender que errar é natural, todos o fazem, não apenas ela, e que existe sempre a possibilidade de, na próxima vez, procurarem melhorar.

- Ouvir as crianças. Mesmo nos momentos em que sentimos pressa, é importante parar para ouvir e valorizar o que a criança nos transmite.


– Dar valor às questões colocadas pelas crianças. Elas colocam perguntas de enorme significado moral, resta-nos estar atentos e, com elas, as procurarmos aprofundar. Não com a postura de sabedores da verdade universal, mas ouvindo os seus pontos de vista, expondo os nossos, explorando e descobrindo em conjunto. É neste ouvir e partilhar de argumentos com outras crianças e adultos que ela experiência desequilíbrios cognitivos, que a levam a colocar em causa os seus conceitos e a conduzir a uma nova reorganização dos mesmos. Este conflito (cognitivo) é fundamental para a reestruturação do raciocínio e para o desenvolvimento mental.

- Por vezes não é possível dar atenção às questões das crianças no momento em que surgem. Quando tal não é possível, é preferível explicar que será melhor falar sobre esse assunto mais tarde. Quando possível, aborde novamente a questão junto dela.

- Permitir às crianças a livre expressão dos seus sentimentos, mesmo os negativos. Por vezes, desvalorizamos sentimentos muito fortes das crianças, com expressões como "não se chora", ou "isso não é nada". Se a criança sente, é porque tem razões para tal. É importante validar esses sentimentos e permitir-lhe que os partilhe connosco.

- É frequente em nós, adultos, esquecermo-nos de que já fomos crianças, e de que a sua forma de entender e percepcionar o mundo é muito diferente da do adulto. Procure empatizar com ela, e perceber como se sente em determinado momento. Deste modo, será para nós mais fácil entender o seu ponto de vista e, assim, lidar com ela.


- Quando possível, permita que as crianças tomem as suas próprias decisões. Pode-se, por exemplo, pedir que opinem sobre questões como onde ir passear, que actividade realizar, entre outras. Tal faz com que se sinta importante, valorizada e respeitada.


- Tal como os adultos, as crianças também apreciam (e merecem) que respeitem os seus espaços e limites. Expressões como "com licença" e "obrigado" podem contribuir para que se sinta confiante e respeitada.


◦ Partilhe com os seus filhos os seus gostos, o que valoriza e o que ama.


◦ Enquanto modelo para as crianças, transmita e seja entusiasta, positivo e alegre.


◦ Ao reencontrar o seu filho após um dia de trabalho, experimente perguntar pelas coisas boas do seu dia, o que mais gostou, o que valorizou. De seguida, expresse-lhe igualmente o que mais gostou do seu dia.


- O nosso cansaço, muitas vezes resultado de um dia de trabalho, pode potenciar momentos em que "descarregamos" nas crianças de forma descontextualizada e injusta. É necessário avaliar o nosso estado e, quando necessário, recorrer ao parceiro para que lide com determinadas situações, resguardando o adulto mais cansado (e a criança).


- Esta é uma verdade que deve ser aplicada para todas as crianças, mas que torna-se mais relevante quando se trata de irmãos: o recorrer às comparações para repreender ou fazer a criança ver qual o comportamento desejável não é uma boa estratégia pedagógica. Não é positivo para nenhuma delas, e há sempre alguma que fica
prejudicada com a situação. Em comportamentos negativos, o ideal será comparar com outros momentos positivos (Ex. Não devias ter batido no teu irmão. Lembras-te no outro dia quando vieste contar aos pais que o mano te estava a chatear?).


- Uma grande parte do dia da criança é vivenciada longe dos pais, quer na escola, quer no jardim-de-infância ou creche. Ao fim do dia, é importante que os pais demonstrem interesse e curiosidade pelas actividades dos seus filhos. Com frequência elas ou não respondem ou são vagas, mas o que conta é o interesse demonstrado pelos pais, o que
lhes ajuda a percepcionarem como importantes para eles.


- Diga à sua criança o que a faz única e especial. Todos nós o somos, mas poucas vezes alguém nos diz.


- Mais uma última referência para o elogio: elogie-as com frequência, mas quando e onde o merecerem. Os elogios são uma óptima ferramenta para a construção da auto-estima, mas só quando atribuídos pelo mérito, e de forma coerente. Mais do que o resultado, reforce o esforço da criança para ser bem sucedida.


Termina-se com uma proposta: uma vez por dia (no mínimo), elogiar uma acção ou qualidade positiva de cada criança, com naturalidade e no momento em que ela realiza o comportamento alvo do elogio.

“Os pais são os treinadores emocionais de seus filhos”


Daniel Goleman, In Inteligência Emocional


Encontro de Pais dinamizado nas instalações do IPPI no dia 13 de Janeiro de 2010.